quinta-feira, setembro 30, 2004

Perfeição

O Infante
Fernando Pessoa

Deus quer, o Homem sonha, a obra nasce

Deus quis que a Terra fosse toda uma
Que o mar unisse, já não separasse
Sagrou-te e foste desvendando a espuma.
E a orla branca foi
De ilha em continente
Clareou correndo até ao fim do mundo
E viu-se a Terra inteira, de repente
Surgir redonda do azul profundo.
Quem te sagrou, criou-te português
Do mar e nós em ti nos deu sinal
Cumpriu-se o mar e o império se desfez
Senhor falta cumprir-se Portugal.

Se há coisas difíceis de alcançar, a perfeição é uma delas. Ao ler este poema de Pessoa, fico com a sensação que o autor esteve lá muito perto. Inserido na «Mensagem», o poema faz-nos pensar na universalidade do ser português e de um Portugal que faltaria (e a meu ver falta ainda) cumprir.
Mas, a provar que a perfeição não é um conceito estático ou definitivo, surge Dulce Pontes. A intérprete (uma das minhas preferidas) compôs, segundo ela por acaso, uma melodia que se liga de forma harmoniosa com estas palavras. Emprestou-lhes a sua voz, intensificando a aura celestial e aquífera que transportam, num redobrar de sentimentos. Para mim, ao ouvi-la, é como se voasse por entre as velas de uma nau quinhentista entre um mar imenso e um céu azul não menos medonho.

O meu conselho é que ouçam essa obra - se não perfeita, muito perto disso - aqui.
(Se não conseguirem ouvir, carreguem com o botão direito do rato e escolham "Guardar destino como" para fazer download)

quarta-feira, setembro 29, 2004

Jogos Olímpicos de Inverno

Portugal continua a marcar pontos no olímpismo!!! Desta vez, não com medalhas ou participações honrosas, mas através do design. O português Pedro Albuquerque, ganhou o concurso para a concepção das mascotes dos Jogos Olímpicos de Inverno - Turim 2006. O resultado foi o da foto que podem ver em cima: Neve e Gelo, uma rapariga e um rapaz, que representam a juventude e dois dos elementos (os mais importantes) para a realização deste evento desportivo. O gabinete de que este designer faz parte tinha já sido o responsável pelo excelente logotipo da Porto 2001 Capital Europeia da Cultura e consegue agora uma projecção mundial para o seu trabalho e por, tabela, para o design português.


terça-feira, setembro 28, 2004

Paralímpicos

made by Srdan

Chegaram ao fim mais uns Jogos Paralímpicos. Desta vez, os atletas portugueses, sob o olhar do BICAS, brindaram o nosso país com 12 medalhas (2 de ouro, 5 de prata e 5 de bronze) - o que coloca Portugal na 41ª posição de entre os países participantes (34ª por total de medalhas).
Já aqui disse, sobre as prestações dos atletas portugueses nos Jogos Olímpicos de Atenas, que nem só de medalhas se faz um campeão. Penso que, ainda que os nossos paralímpicos não tivessem ganho nenhuma, seria de louvar todo o trabalho que fazem. Os obstáculos das provas paralímpicas não foram, certamente, os maiores que tiverem que transpor na vida.
Pelas medalhas e, muito mais, pela forma como se entregam ao desporto e à vida:
PARABÉNS.

segunda-feira, setembro 27, 2004

Resultados 3

Na sequência do post Jornalismo, coloquei à consideração dos leitores a seguinte pergunta: "A preparação dos jornalistas, tendo em conta o poder que possuem, é?". De acordo com os resultados deste escrutíneo, os jornalistas não parecem inspirar grande confiança aos leitores deste BLOG. Assim, do total de 9 respostas:
  • Boa - 0 votos (0%)
  • Razoável - 1 voto (11,1%)
  • - 8 votos (88,9%).

Gostaria imenso de ver um estudo com uma amostragem significativa. Intriga-me o que pensam os meus compatriotas sobre isto... e se forem jornalistas ainda mais.

domingo, setembro 26, 2004

Publicidade (lista definitiva)

Tantas vezes inoportuna e chata, enfiada no meio de uma cena importante de um qualquer filme, ou, outras tantas vezes, absolutamente ridícula (vide "eu declaro guerra às pontas espigadas!" ou "não fazes uma festa? ... trouxe confetis"), a publicidade pode ser altamente criativa e divertida. Aqui está um bom exemplo.

Porque a vida não pode ser só coisas tristes!

Post scriptum: E assim está resolvido o pequeno problema técnico que assolou os meus pensamentos. Desde já me disponibilizo para, por uma quantia simbólica (€500,00), prestar acessoria técnica ao Ministério da Educação, afinal trata-se de um assunto de estado.

Publicidade

Indisponível de momento.
Pedimos desculpas pelo incómodo!

Este post chegou a estar disponível online mas, qual lista de colocação de professores, foi retirado por problemas técnicos.
Espero conseguir corrigir o problema até dia 30/09/2004, ou terei que concluir que cometi um erro de avaliação ao pensar que conseguia levar isto a bom porto.
Descansem os mais preversos: não estou a utilizar nenhum processo manual, é tudo feito neste PC!

sábado, setembro 25, 2004

"Voyeurismo"

Na sequência do tema do post anterior, queria falar de um aspecto que me chocou bastante - e garanto que não havia necessidade, já estava chocado o suficiente. Os presumíveis autores do homicídio da pequena Joana foram ouvidos, ontem, no tribunal de Portimão. À sua espera estava uma multidão a que a reportagem televisiva chamou de enfurecida. De facto, é compreensível, tal estado de espírito face a um caso desses, sendo certo que a proximidade ao acontecido pode potenciar a revolta que, creio, todos sentimos. O que me chocou nesta história da multidão foi ver dezenas de mulheres com os filhos pelas mão a correrem pela rua... Que faziam lá aquelas crianças?!!! Porque é que as mães os arrastaram para ali? Para lhes mostrar os presumíveis homicidas? PARA QUÊ?!!!!! Já não é violência suficiente tomar conhecimento deste caso?!! Honestamente acho que até já é demais.
Vi também algumas senhoras que corriam, com um amplo sorriso no rosto, para as janelas daquilo que parecia ser as caves ou a garagem do tribunal, para depois se porem a gritar "assassina" lá para dentro. Mas o que era aquilo?!! Passará pela cabeça daquelas sorridentes senhoras que aquele triste momento tem alguma coisa de entretenimento. Não me parece que tenha. Não pode ter!

sexta-feira, setembro 24, 2004

Incredulidade

O país começa a conhecer os pormenores de uma história macabra. Depois de ter sido dada como desaparecida pela mãe, a investigação policial veio levantar a suspeita de que a criança de 8 anos de Portimão terá sido morta pela mãe e por um tio (ler mais aqui e aqui). Tratam-se de suspeitas gravíssimas que, a serem verdade, constituirão um caso que não quero deixar em branco. Não sei que tipo de motivações poderiam levar uma mãe a cometer tal acto (o homicídio, por si, já me mete confusão suficiente, quanto mais se levado a cabo pela mãe da vítima!) nem sequer quais as razões para aquela encenação mediática do "desaparecimento", mas tudo isto é demasiado negro para que seja apropriado qualquer tipo de análise (pelo menos para já e porque, ainda por cima, se tratam de suspeitas).

quarta-feira, setembro 22, 2004

O engenheiro da pala

António Segadães Tavares foi galardoado com o mais prestigiante prémio de engenharia mundial decorrente do seu trabalho no Aeroporto do Funchal (ler mais aqui). Este engenheiro, que no programa «Pessoal e transmissível» da TSF disse que o binómio engenheiro/arquitecto era como uma folha de papel, na qual numa das páginas está o traço e no verso uma equação que o torne exequível, participou também em projectos notáveis como o Centro Cultural de Belém e o Pavilhão de Portugal na Expo 98.
Depois dos prémios internacionais atribuídos a, entre outros, Siza Vieira, a atribuição a um português do maior prémio de engenharia mundial vem confirmar que as escolas de engenharia e arquitectura nacionais são algo de que nos podemos orgulhar.

terça-feira, setembro 21, 2004

Jornalismo

Já aqui dei conta de um BLOG onde um médico explica e esclarece alguns erros que, frequentemente, aparecem nos nossos meios de comunicação social na área da medicina. De facto, as ciências não me parecem ser uma área em que os jornalistas portugueses estejam particularmente bem preparados. Não raras vezes cometem erros graves e fazem passar mensagens deturpadas (ou manipuladas?) para a opinião pública.
Isto até nem seria “tão” grave se a falta de preparação jornalística fosse restrita às ciências. Mas, infelizmente, os erros estendem-se por quase todas as áreas. No desporto, por exemplo, tudo o que ultrapasse o comum futebol dá lugar a reportagens e/ou comentários mais ou menos absurdos, onde se nota claramente que o autor não faz grande ideia do que está a dizer (chamar milha aos 1500m no atletismo!!!). Mesmo na política, área em que, à partida, estariam mais à vontade, a falta de rigor e a ausência de conhecimento de facto estão presentes com inconveniente frequência. À cabeça vem-me, de imediato, a frase de abertura de vários «especiais eleições»: “Boa noite, os portugueses elegeram X como primeiro-ministro de Portugal” (substituir X por quem mais lhe convier) – frase esta que, recentemente, pregou uma partida a muitos.
A piorar e, no meu caso, a potenciar a irritação que tudo isto causa surgem os laivos de superioridade intelectual e de omnisciência com que alguns destes senhores e senhoras jornalistas dizem os mais diversos disparates. Quase como se fossem detentores da total única verdade – a existir uma só! É que se, por exemplo, a sra. Manuela Moura Guedes se lembrar de dizer que o VIH (vírus da imunodeficiência humana) é uma bactéria, bem pode lá ir o mais conceituado dos microbiologistas mundiais tentar (sim! tentar é mesmo a palavra certa, porque pode dar-se o caso de ela não o deixar sequer falar) explicar que não é bem assim, que terá sérias dificuldades em desmentir a autoridade jornalística.
Irónico é, também, quando se refugiam na abusiva e paternalista frase “… o que os telespectadores lá em casa querem saber é …” para fazer as mais estapafúrdias perguntas aos “pobres” dos entrevistados, fazendo parecer que nos tinham telefonado previamente para alinhavar a entrevista.
Numa era em que os meios de informação estão estabelecidos como o 4º poder e, quem sabe, como o mais poderoso de todos, surge-me preocupante a falta de preparação de grande parte dos que exercem o poder/dever de informar.

segunda-feira, setembro 20, 2004

Resultados 2

À pergunta "Considera que o Fado reúne as características necessárias para ser classificado como património da humanidade?" os leitores destes "Pensamentos Diversos" responderam:
  • Sim ~ 85% (11)
  • Não ~ 15% (2)

Se o júri da UNESCO for da mesma opinião, parece que vamos ter mais um "monumento" português - o fado - classificado como património da humanidade.

Impagável !

Talvez alguns de vocês já conheçam este filme. Mas não resisto a partilhar esta pérola do jornalismo de guerra. BBC, CNN, RTP(!!!): Ponham os olhos nisto!
PS: se o filme nao abrir de imediato carreguem em: Click here to start your download.

domingo, setembro 19, 2004

Serviço Militar Obrigatório

by Srdan

Olha que pena ...

sábado, setembro 18, 2004

RTP Memória

A RTP vai lançar, dia 4 de Outubro, o canal RTP Memória, que estará disponível por cabo. "Alimentando-se" do imenso arquivo da televisão pública, tenciona pôr "no ar" programas marcantes da história televisiva. Deste canal pode esperar-se o melhor e o pior, a exemplo, aliás, do que acontece com a estação "mãe", já que o conceito de "marcante" para os programadores, outrora sitos na 5 da Outubro, pode não coincidir com o meu e o de demais telespectadores. A SIC Gold é um bom exemplo de um projecto deste género que não correu, na minha opinião, muito bem.
Pela minha parte, gostaria de ver na grelha do RTP Memória, entre outros, alguns dos seguintes programas:
  • Tal Canal
  • Herman Enciclopédia
  • Concertos da EXPO 98
  • Allo Allo
  • os programas do Prof. José Hermano Saraiva (cujo nome, de momento, me falha)
  • Rua Sésamo (versão portuguesa)

E já agora: boa sorte ao novo canal!

sexta-feira, setembro 17, 2004

Conselho à Navegação 2

Conheci este site através de um leitor dos «Pensamentos Diversos». Nesta página podemos encontrar fotografias de algumas ruas mais pitorescas do Porto. O autor tem, ainda, outra galeria sobre objectos que tendem a desaparecer dos nossos quotidianos. Vale a pena uma visita.

quinta-feira, setembro 16, 2004

Lisboa

Lisboa é uma cidade lindíssima! Por várias razões. Antes de mais pela dimensão. A baixa pombalina é geometricamente ampla e organizada, facto que impressiona logo à chegada. Depois, está recheada de locais pitorescos como o Bairro Alto (saudades dessas noites), Alfama, ..., que lhe emprestam um charme muito especial. Quase contraditoriamente, é uma cidade cosmopolita (talvez mesmo a única em Portugal), repleta de excêntricos, de culturas, credos e raças. Não menos importante para o quadro é a beleza que a luz, quente e intensa – diferente, por exemplo, da do norte – empresta às paisagens e monumentais edifícios dispersos pela capital.

Não obstante toda esta beleza, de certa forma avassaladora, enquanto lá vivi sempre senti um estranho vazio. Não era só a distância de casa. Era mais que isso... Provavelmente, alguns dos que já lá viveram (ou vivem) tiveram a mesma sensação. Não que me sentisse desintegrado, mas a verdade é que também nunca me senti completamente integrado ou acolhido. Uma espécie de pertencer àquele espaço e tempo, sem nunca fazer totalmente parte de tudo aquilo.

O que vos trago agora é mais um excerto d' «O Último Cabalista de Lisboa» de Richard Zimler. Não obstante tudo o que me separa da acção deste romance histórico e do contexto destas duas jovens personagens (um judeu convertido e um muçulmano mudo, Lisboa, 1506), foram vários os momentos em que me identifiquei com o que diziam ou pensavam. Assim, enquanto olhava a paisagem, diz subitamente Farid (o jovem muçulmano):
"- É largo de mais - comentam os seus gestos.
- O quê? – pergunto. [Berequias, o jovem judeu convertido]
- O rio. Devíamos poder ver o outro lado. Como em Tavira ou Coimbra. Mesmo o Porto. Aqui não há intimidade. Não podemos abraçar esta cidade. A amplidão do rio faz-nos sentir que apenas estamos de visita. Que somos todos insignificantes. É a maldição desta cidade."
«O Último Cabalista de Lisboa», Richard Zimler, Quetzal Editores

quarta-feira, setembro 15, 2004

Nem tudo é mau

Hoje, finalmente, fui pedir o Certificado do Registo Criminal. Desde que entrei na Loja do Cidadão até sair com o almejado papel na mão, decorreram pouco mais de 60 segundos!!! Até fiquei meio "desconsolado": tinha-me mentalizado que iria passar lá uma parte razoável da minha tarde. Mas não! Por isso dou os parabéns à Direcção Geral da Administração da Justiça pelo bom trabalho.
Se fossemos tão expeditos a louvar o que corre bem (e convenhamos: nem são assim tão poucos os casos!) como a criticar o que está mal (esses sim, ainda são muitos), talvez fosse possível mudar um pouco as mentalidades e, dessa forma, contribuir para que as coisas tomem um rumo mais certo, a outra velocidade...

terça-feira, setembro 14, 2004

Gralha da UNESCO

Na sequência do anterior post, senti necessidade de investigar um pouco mais sobre a UNESCO e o património da humanidade. Foi assim que me deparei, na página oficial que contém a lista de classificações daquela organização das Nações Unidas, com a seguinte gralha:

Página Web completa

Tal gralha provocou em mim um misto de tristeza, vergonha e, porque não dizê-lo, revolta. Afinal, trata-se de património da humanidade em solo nacional. Penso que merecia um tratamento condigno, sem este tipo de gralhas grosseiras.

Não satisfeito com esta situação já tratei de enviar à Delegação portuguesa da UNESCO um FAX e um email dando conta da situação e pedindo que tomem as medidas adequadas para por fim a esta gralha grave.

segunda-feira, setembro 13, 2004

Fado património


Portugal deve apresentar, ainda durante este mês, a candidatura do Fado a Património Oral e Imaterial da Humanidade à United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization. Uma iniciativa proposta por Pedro Santana Lopes, então na qualidade de presidente da edilidade lisboeta, e que tem como embaixadores Carlos do Carmo e Mariza. Estes últimos deram, dia 8 de Junho deste ano, um belíssimo espectáculo no Casino do Estoril, durante uma Gala organizada em parceria pelo jornal Público e pela CM de Lisboa e que teve transmissão televisiva na passada Sexta-feira à noite na "a dois". A Gala "Fado Ao Vivo" tinha como objectivos a divulgação da citada candidatura e a angariação de fundos para a compra de um vasto espólio de registos discográficos na posse do inglês Bruce Mastin (cerca de 5000 discos), que vão permitir um melhor conhecimento da história do Fado e reforçar a consistência da candidatura.

Trago aqui este assunto por pensar que a candidatura merece o apoio do público anónimo. Não sei o que é que o júri da UNESCO pensa sobre o valor do Fado para a humanidade mas parece-me indiscutível a identificação deste género musical com todo um povo. Eu, pelo menos, quando ouço a Mariza cantar "Ó gente da minha terra ..." não consigo evitar sentir que é mesmo para mim que ela o faz!

domingo, setembro 12, 2004

Resultados 1

Segundo os leitores do "Pensamentos Diversos", a participação portuguesa nos Jogos Olímpicos de Atenas foi:
  • Muito boa - 21,42% (3 votos)
  • Boa - 28,57% (4 votos)
  • Razoável - 21,42% (3 votos)
  • - 21,42% (3 votos)
  • Vergonhosa - 7,14% (1 voto)

Total de Votantes: 14
Piada eleitoral: não foram registados votos nulos ou em branco.

Os interessados podem ler mais sobre a participação lusa em Atenas e o desporto nacional em geral:

sábado, setembro 11, 2004

11

Devemos ter memória e convém que não seja demasiado selectiva! Nem quanto a latitudes, nem quanto a eras, muito menos quanto a credos ou raças. Esta data marca uma viragem. O terrorismo ganhou (pelo menos para mim) outra visibilidade, mas ele andou sempre por cá: fundamentalismo, terrorismo de estado, terrorismo económico...
Esperemos dias melhores!

sexta-feira, setembro 10, 2004

Barcos ...

No momento em que o polémico barco da ONG "Women on Waves" se prepara para abandonar o país, trago aqui 3 naves marítimas de uma beleza mais consensual. Faço-o impulsionado por recentes posts no Avenida dos Aliados (1 e 2), no Portuense e no Fonte das Virtudes sobre barcos históricos e a possibilidade de eles atravessarem a barra do Douro embelezando a paisagem, já de si única, da Ribeira.

NRP Sagres

A PATRIA HONRAE QUE A PATRIA VOS CONTEMPLA
(Foto com melhor resolução Aqui)
(Visita Virtual Aqui)

Navio escola da armada portuguesa. Hoje em dia, é embaixador do país pelos mares fora.



NTM Creoula
(Outras fotos, visita virtual e mais informação Aqui)

Antigo pesqueiro da rota do bacalhau serve a marinha como Navio de Treino de Mar.



Fragata D. Fernando II e Glória
(Mais informações Aqui)

Foi a última nau da carreira regular da rota das Índias. Foi recuperado a tempo de ser exibida aquando da EXPO'98.

Creio trazer a este BLOG 3 belos exemplares. Tenho alguma pena de não ver uma grande ligação destes navios com o público em geral pois penso que têm muito a dar, quer numa persperctiva de Histótria Nacional quer, em alguns casos, como mais-valia turística.

quinta-feira, setembro 09, 2004

Falsa modéstia e presunção

Desde muito cedo que me dei conta da existência de várias formas de lidarmos com as nossas qualidades e com os nossos defeitos. Há partida, muitos dirão ser mais fácil lidar com as primeiras do que com os últimos. Eu discordo!
Penso que existem vários "grupos-tipo" de pessoas no que diz respeito à forma como lidam com as suas qualidades.
Alguns deles são simples de imaginar e não levantam grandes questões: os verdadeiramente modestos e os verdadeiramente presunçosos. Estes dois grupos não oferecem, geralmente, grandes dificuldades: são fáceis de identificar (todos já devem ter alguns exemplos na cabeça) e, quer com um quer com outro grupo, acaba por ser fácil lidar ao fim de algum tempo.
Depois existe aquilo a que eu chamaria o grupo dos realistas. Quer aqueles que acham não são particularmente dotados sob um qualquer ponto de vista, quer aqueles que têm plena consciência de que têm um trunfo forte numa área e não se coíbem de o usar ou exibir. É para estes últimos que as coisas se complicam. Existe uma espécie de "barreira invisível" entre ter consciência das suas capacidades e tornar-se presunçoso e arrogante quanto a elas. Na minha opinião, o risco de pisarem a dita linha é tanto maior quanto maior for a discrepância entre a forma como estas pessoas se vêem a si próprias e a forma como a maioria dos outros o vêem a si.
Deixo para o fim o grupo que, pessoalmente, mais irrita. Trata-se dos falsos modestos. A meu ver, caracterizam-se por uma postura ridícula de negação daquilo que é óbvio e por uma relação perigosa com as suas qualidades. Geralmente, fazem questão de se assumirem como inofensivos e de se afirmarem vulgares quando na verdade, e no seu intimo, se julgam verdadeiros génios, belezas divinas, ... ou outras sumidades dependendo da característica em causa. Muitas vezes esta máscara cai quando alguém que eles julgam "inferiores" desafia a sua interior certeza de serem "bons". Quando escrevia há pouco que, se caracterizavam por uma postura ridícula talvez não tenha sido claro no que pretendia dizer. Anda por perto de uma situação em que nos encontramos com a Catarina Furtado e dizemos "Realmente, és bastante atraente!", ao que ela (se for uma falsa-modesta) responderia "Ai! Não! Sou uma mulher normal, até tenho aqui um pé de galinha no olho esquerdo!". Esta fórmula podia ser aplicada a uma pessoa notoriamente inteligente ou a alguém extremamente dotado para o desporto.
Este último grupo é, de facto, aquele com o qual me custa bastante relacionar: cansam-me e "enjoam-me" ao fim de algum tempo.
A máxima "mil vezes convencido a falso-modesto" é algo que eu acho fazer algum sentido. Numa sociedade, tantas vezes medíocre, em que quase que é preciso pedir desculpas por ser bom numa qualquer área, pode não ser fácil usá-la. Dos convencidos, pelo menos, todos sabem o que esperar.

quarta-feira, setembro 08, 2004

Conselho à navegação

made by Srdan

Hoje inauguro aqui um espaço de conselhos à navegação pela Blogsfera. Já não sei em que circunstância, fui dar com um blog que considero muito interessante. Chama-se Médico Explica Medicina a Intelectuais e contém textos escritos por um médico no intuito de esclarecer temas médicos, alguns deles abordados pelos media. Esta abordagem reveste-se, muitas vezes, de contornos hilariantes para os profissionais da área pela forma tão pouco rigorosa como é feita, levando, geralmente, a más interpretações por parte do público. Bem pior que isso é a postura presunçosa de omnisciência que a maioria dos jornalistas adoptam enquanto dizem as maiores aberrações científicas que já se ouviram. Trata-se, portanto, de um blog com uma escrita cuidada, que clarifica algumas dúvidas que os leitores possam ter e ainda proporciona alguns momentos de humor requintado. Visitem!

segunda-feira, setembro 06, 2004

Caso de saias

Então parece que Mr. Mourinho foi mesmo ameaçado ... e por um membro dos Super Dragões!!! É verdade! Contudo, segundo o directivo desta claque, tudo se deveu a um "caso de saias" entre o genial treinador e a companheira de um afincado adepto. Assim, e num só caso, junta-se o melhor de 2 mundos: o futebol e uma novela de produção barata! Ai... se a TVI compra os direitos desta rábula!

PS: O treinador é um bom treinador não havia necessidade! "Não tenho saudades de Portugal..."?!!! Ok Mr.! Parece mesmo que todos os génios estão condenados a ter algum distúrbio do seu psiquismo...

domingo, setembro 05, 2004

Ossétia

Para aqueles que, como eu, desconheciam a existência deste território, o destino encontrou uma forma bem macabra de acabar com a nossa (minha) ignorância. Primeiro, tenta-se assimilar que seja concebível entrar escola dentro e fazer reféns centenas de pessoas, muitas as quais crianças. Entretanto, instala-se um impasse e, a cada noticiário, espera-se a improvável notícia de que as coisas tiveram um desfecho pacífico. De tão improvável tornou-se real o acontecimento contrário. Dei por mim à espera, bloco de notícias atrás de bloco de notícias, que o número de mortos e feridos não tivesse aumentado desde a última vez que ouvira tão absurdo número! Como se o número fosse assim tão importante a partir do momento em que se começou a pintar (com sangue) tão triste quadro!!! Torna-se difícil fazer qualquer tipo de comentário.
Ontem, enquanto lia «O Último Cabalista de Lisboa» (Richard Zimler) deparei-me com um parágrafo no qual se pode encontrar um estranho paralelismo com o que tem ocorrido. O narrador, judeu, relata (à mistura com a ficção do autor do livro) o massacre que os cristãos decidiram infligir aos judeus de Lisboa (Abril de 1506):
"Alguém pode imaginar o que significa ver uma criança decapitada sentada numa pá? É como se todas as línguas do mundo ficassem esquecidas, como se todos os livros escritos se tivessem reduzido a pó. E como se alguém pudesse ficar feliz com tal coisa. Por pessoas como nós não terem direito a falar ou a escrever ou a deixar qualquer traço na História. (...)"

sexta-feira, setembro 03, 2004

Saudades d'Avenida

Tenho saudades desta Avenida!

Ontem estive na Avenida dos Aliados, mais concretamente ao elegante Café Guarany, com os fantásticos painéis da Graça Morais. Ao passar na avenida lá dei de caras, mais uma vez, com as martirizantes obras e todos os seus enormes painéis que não deixem ver a ampla avenida ou os velhos edifícios e que, por tudo isso, amarfanham o ambiente que aquele lugar, o mais central de todos na cidade, é capaz de gerar. É certo que o Metro é, e será cada vez mais, uma enorme mais-valia para os que vivem e visitam a cidade. Mas, por favor: devolvam-nos a cidade o mais rápido possível! Já começa a ser angustiante...

PS - Aos leitores mais interessados numa abordagem apaixonada do Porto, recomendo um dos meus spots perferidos da blogosfera: Avenida dos Aliados .

quinta-feira, setembro 02, 2004

Fim de linha

Todos os que entram (ou entraram) para a faculdade sentiram, por certo, a mesma excitação que eu vai para 6 anos senti. O concretizar de um sonho, o abrir de novas portas, a imensidão de gente e coisas novas... Com o tempo começa-se a idealizar o momento do fim do curso. É então que se antecipa uma felicidade e uma alegria imensas: o delírio pelo fim dos "martírios" de estudante, o orgulho de ter o "canudo", ... Eu desejei esse dia como se ele representasse o dia mais marcante da minha vida. No entanto, já próximo dele, percebi que não havia excitação alguma. Talvez uma ténue alegria. Quando por fim chegou o dia e, contrariamente às ilusões de novato, não fiquei histérico com o acontecimento, instalou-se uma sensação de algum vazio. Para mim foi como o fim de um percurso natural, uma espécie inevitabilidade cósmica. Não me tivesse eu apercebido destes sentimentos com alguma antecedência e teria sido uma grande desilusão! A tudo isto juntou-se alguma nostalgia pelos bons (e maus - há quem lhe chame masoquismo!) momentos passados. É disso que fala o poema que se segue. É da autoria do meu colega-artista "Maiatus" e foi interpretado por ele (guitarra e voz) e pela Mariana (com a sua voz cristalina) na nossa Imposição de Insígnias. Talvez por serem as vozes deles, foi o momento de maior emoção de todo este final de linha...

Traço a capa e vou embora
Solto as fitas pelo ar
Deixo um adeus a quem chora
Um fado triste a quem ficar

Levo acordes de saudade
Beijos teus em cada mão
Calo o luto que me invade
- Adeus Porto, São João
Eu te levo ancorado ao coração

Traço a capa em valsa lenta
Sigo o Douro até à foz
O sol desce em tons magenta
E embarga a dor na minha voz

Levo acordes de saudade
Beijos teus em cada mão
Calo o luto que me invade
- Adeus Porto, São João
Eu te levo ancorado ao coração

Ficou um olhar desfeito
Um segredo por contar
De um tempo quase perfeito
Que aqui passou a voar

Ficou um beijo caído
Uma flor por oferecer
De um tempo quase perdido
Que jamais irei esquecer
(Tiago Antunes Lopes)

PS: Espero que um dia venha a existir um registo audio desta obra!

quarta-feira, setembro 01, 2004

Casa Pia: parte 5897,33

Seria este, se por ventura alguém se dispusesse a contar, o número desta sequela do caso.

Uma juiz, chamada a intervir no processo por um qualquer requerimento das partes, resolveu emitir um mandado de "re-captura" a diversos arguidos do caso, mandados esses que viriam a ser anulados por um outro juiz uns dias mais tarde (ler mais aqui).
Tenho estado a pensar nisto e decidi fazer aqui um post sobre o tema. Primeiro, pensei em adoptar um tom sério o que me levantava dois problemas: seria preciso ter conhecimentos de Direito, que não tenho, e, depois, seria muito difícil arranjar um ponto de partida, seguir um caminho e - mais difícil ainda - chegar a algum lado no meio desta trapalhada.
Pensei depois em tentar usar humor. Mas não! O caso é demasiado sério e não se presta a esse tipo de abordagem. É que, pelos vistos, há mesmo abusados (vítimas) e penso que merecem todo o respeito e preocupação da sociedade. Aliás, parece ser um caso em que existem abusados mas não existem abusadores (é bastante frequente este tipo de perplexidade, quantas vezes existem corrompidos mas não existem corruptores!)
Não sei quanto aos leitores deste BLOG, mas eu, muitas vezes, fico com a sensação de que este processo anda ao sabor dos interesses políticos, económicos, sociais e mediáticos daqueles que são chamados a nele intervir - luto contra esta ideia aterradora ... confesso que não tenho conseguido!