sexta-feira, junho 26, 2009

Coincidências

Há quem diga que as há. Há quem não acredite. Eu, por mim, tanto me faz.
Contudo, hoje, enquanto me permitia a refeição semanal no McDonalds, um toque de telemóvel igual ao primeiro toque que o
telemóvel da VMER fez-me parar a ávida refeição. Por uma fracção de segundo, qual cão pavloviano, fiquei alerta, com aquela sensação adrenérgica que acompanhava
(e acompanha, assumamos, ainda que com outros contornos menos vincados) as primeiras saídas. Nada de especial é certo.
Mas eis que me vejo chegado à residência e, ao procurar o cartão electrónico que me serve de chave na bolsa, olho para o chão onde (fruto dos caprichos do arquitecto) está marcado o número do quarto que me calhou em sorte:

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segunda-feira, junho 22, 2009

É como andar de bicicleta



O tanas é que é! Já não andava há séculos! Fiado no bom ditado e impulsionado pela necessidade de encurtar distâncias (nas grandes cidades, talvez por uma questão de escala arquitectónica, é tudo ao lado mas isso significa ... razoavelmente longe) lá resolvi alugar uma das bicicletas de Paris. Pois é, que desengonçado! Por duas ou três vezes que ia malhando! Primeiro não me entendia com a altura do selim da bicicleta, depois as mudanças que não entravam como devia de ser... Juntem a isto o trânsito de Paris e já estão a ver a aventura!
Não obstante, conheço um considerável número de pessoas que teriam ficado possuidinhas de todo se tivessem passado por onde eu passei este fim-de-semana. Ora vejamos: Hotel Ritz, Gucci, Channel, eu sei lá ... todos! Ah claro e Cartier: je joaillier des Rois, Roi des joailliers! Tudo isto na magnífica Place Vendôme e arredores, com a sua coluna a imitar os Romanos (nem nos impérios à originalidade...). Tanto para dizer sobre a praça... só dois tópicos: numa das casas que a delimita viveu Chopin o Ritz foi um dos últimos sítios onde a sôdona Di foi vista viva...
Palavra final, para que não se iludam os possíveis leitores. Por razões que me poupo a referir, não comprei nada para ninguém.

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quinta-feira, junho 18, 2009

Um americano (e um português) em Paris


No fim-de-semana passado foi tempo de fazer o tradicional passeio de autocarro panorâmico pela cidade. Faço quase sempre. Ajuda-me a seleccionar pontos de visita e a organizar mentalmente a geografia do local. Isto de andar de metro conduz, inexoravelmente, a uma geografia de toupeira certamente útil mas um nada escura. Vi imensas coisas: Paris tem mesmo muito que ver.
No Domingo visitei Les Invalides, uma obra mandada erguer pelo rei Sol para albergar os soldados inválidos e em fim de vida. Neste complexo, chamemos-lhe assim, dominado pelo sumptuoso Dome, podemos encontrar o túmulo de Napoleão, a magnífica Igreja de St. Louis des Invalides e os Musée de L'Armée e D'Histoire Contemporaine Por coincidência, no Musée de L'Armée, estava patente uma excelente exposição sobre as duas grande guerras mundiais. Até um uniforme dum soldado português da 1ª Grande Guerra tinha (não escapou a uma foto comigo, claro está!). A exposição fez, na minha cabeça, a ponte perfeita com o episódio da véspera a bordo do L'Open Tour...
Na verdade não era um americano, eram duas jovens americanas (bem ao estilo cheerleader) e eu. Foi um sem parar de barbaridades por aquelas bocas fora. Toda a viagem aquelas almas loiras falavam de tudo e mais alguma coisa, mostrando-se pouco interessadas nos pontos marcantes da viagem. Por mim, tudo bem. Não me pediram ajuda para o bilhete e concerteza não iam ter que fazer nenhum relatório da visita. Eis se não quando - estava o português todo entusiasmado a ver a estátua que representa a República Francesa, marco civilizacional de inegável importância - as americanas, até então absolutamete alienadas dos encantos de Paris, se levantam feitas malucas e se metem a tirar fotos como se não houvesse amanhã. Foi tal o espalhafato que, por um lado, despertou em mim curiosidade de ver o que se passava no sentido oposto à "Repúplica" e aos seus 3 lemas e, por outro, levou a uma agressão a uma delas por um galho de uma árvore. Como diz o poema, "Fui ver ..." era um McDonalds! Ah ok e um Burger King logo ao lado. Na boa, mas estou certo, que pelo menos, há mais cem...
A humanidade é assim, diversa, estúpida, encantadora. Somos mesmo todos diferentes e todos iguais. Americanos, portugueses, em Paris ou no Bangladesh. Vemos o mundo de maneiras diferentes. Não obstante tudo isso somos capazes de nos unir em torno de ideais comuns. Quando saí da exposição duas coisas não me laragavam o espírito: os números das desgraças e os mapas do desembarque dos aliados na Normandia. Nesses mapas, entre outras, a bandeira dos mesmos americanos que, face à "República", se fascinam com o seu McDonalds...

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segunda-feira, junho 15, 2009

A minha primeira vez!

É isso, do meu canto em Paris, num momento de partilha alimentado pela saudade e sem recorrer a nomes ou locais, abro uma página importante do meu percurso de vida.

Era de noite e eu estava um pouco nervoso. Apesar de cansado não podia dizer que não àquela aventura. A pulsão interior, a necessidade, era maior do que qualquer cansaço ou temor. Ela lá estava, sumptuosa e desafiante como antevira. De início, a inexperiência e o nervosismo miudinho dominavam-me. A sensação de nem sequer ter a certeza que lhe tocava nos sítios certos, naqueles que a fariam arrancar para um rodopio de movimentos. Depois, vê-la a contorcer-se... os movimentos e os sons que me eram vagamente familiares por ter visto na televisão ou ter ouvido descrever a pessoas com suposta experiência na matéria ... Ao meu lado, outro homem, asiático, ainda mais nervoso que eu (não sei se era também a sua primeira vez) parecia não conseguir grande desempenho, o que me enchia de orgulho e tranquilizava para o caso de alguma coisa correr menos bem. Do lado dele o silência, nada. Não foi com pequeno espanto que reagi quando vi o ocasional e fortuito companheiro de aventura virar-lhe costas e deixa-la mais impávida e serena do que a tinha encontrado. Do meu lado, ela mostrava-se pronta para o grande final. O entusiasmo em mim crescia na directa proporção do crescente ritmo dos seus movimentos. Foram 30 minutos plenos de sensações fortes: meia hora, nada mal para uma primeira vez - creio!
Foi assim a minha primeira vez ... com a máquina de lavar roupa.

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sábado, junho 13, 2009

O dinheiro não traz felicidade


ya... está bem abelha! Sei vos dizer que infelecidade é que não traz! Ocorrem-me frequentemente este tipo de pensamentos quando me sento num belo bar/restaurante rodeado de pessoas que metem nojo de tão bom aspecto que têm. O dinheiro não é tudo: não posso concordar mais. O resto já me parece um nada ... parvo.
Adiante. Ontem foi dia de ir à afamada Torre Eiffel! O raça da torre é impressionante! Em diálogo com ela - curtíssimo surto psicótico - até lhe disse "ó torre és grande p'ra ca....neco!". É de facto um momumento avassalador. De qualquer forma não consegui evitar uma estranha sensação de "olha uma das pontes do Porto ao alto!". Vá se lá saber porquê! Desta feita decidi não subir ainda aos duzentos e muitos metros da estrutura (sim, porque eu vou ao topo, claro). O tempo não estava de feição e eu estava cansado. Fica para outro dia mais agradável, até porque Roma e Pavia não se fizeram num dia e, está mais que visto, que Paris não se visita em meia dúzia.
Hoje já me fartei de andar de autocarro panorâmico... ai tantos pensamentos... e fotos...
Até à próxima, vou sair para jantar!

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quarta-feira, junho 10, 2009

[ACTZ] Dia de Portugal em Paris


À chegada a casa, a estranha sensação de estar mesmo a chegar a casa.
No 10 de Junho a bandeira nacional está içada na Maison du Portugal e esvoaça no céu cinzento da Paris chuvosa destes dias.
É como se, por obra daquele rectângulo de pano esvoaçante, o edifício que me serve de residência, de repente, ganhasse contornos de lar. Efeito certamente passageiro não só porque lar é todo um conjunto de outras coisas que cá faltam mas também porque amanhã, provavelmente, arriam o verde e vermelho rubro dos céus deste canto da cidade. Ainda assim efeito suficientemente forte para me emprestar um rasgado sorriso quando ao longe a vi!


É provavelmente este o poder do simbolismo.

[ACTUALIZAÇÃO]
Soirée Cultural na Casa de Portugal
O progragama constava de recital de piano (por um residente) e de poesia (por umas senhoras que não percebi muito bem quem eram). O recital de piano foi óptimo. O miúdo parece talentoso. A poesia era multilingue. Estranho facto. Não sei se acho bem ou mal uma coisa tão multicultural no dia 10 de Junho. Tendo a achar bem ...
Tudo parecia mesmo Portugal. Desde não ter começado a horas aos barulhos durante as interpretações que, desta feita, não se ficaram pela tosse irritativa e irritante do costume. Não! Houve direito a entradas tardias na sala, saídas precoces, reentradas ... Sacos de plástico a abrir, efeitos sonoros inesperados, luzes a acender inusitadamente a meio da poesia ...
No fim, rissóis, bolinhos de bacalhau, pães de leite mistos, e NATAS!
Sabe bem estar em casa...

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segunda-feira, junho 08, 2009

Dia D e seguinte



Dia D: 6 de Junho! Uma das datas mais importantes da história mundial por diversas razões (já aqui se pensou um pouco à volta de uma delas).
Desta feita estava em Paris.
O programa do dia, alterado face às condições atmosféricas pouco dadas a viagens de autocarro descapotável, incluía dia de visita ao Louvre e uma subida ao Arco do Triunfo ao fim da tarde.
Que dizer sobre o Louvre? São várias as linhas de pensamento que o museu invoca. Por um lado é magnífico por outro é quase insultuoso. É magnífico quanto à beleza do espaço físico, à riqueza do espólio, à diversidade de peças, à fantástica forma como foi construído ao longo dos tempos e como, mais recentemente, foi integrado. Pausa aqui para dizer que dificilmente se arranjaria uma solução mais espectacular e funcional para ligar as várias alas do museu: as pirâmides transparentes e as estruturas adjacentes são geniais a todos os níveis. Por outro lado o museu é quase insultuoso na medida em que facilmente se percebe/constata que todo este espólio interminável não advem somente de compras milionárias deste ou daquele soberano francês ou de oferendas de casamento para um qualquer príncipe herdeiro. Não! Muito daquilo que nos faz calcorrear aqueles corredores sumptuosos é fruto de invasões e destruições napoleónicas e afins. Se é certo que a arte é universal e, de certa forma, apátrida eu não acharia grande piada a ver o túmulo de Camões ou de Inês de Castro expostos no Louvre. Aconselho toda a gente a visitar o museu com o guia multimédia. Não, não venham com a conversa de que a não se ensina arte, que esta se sente bla bla bla. Uma coisa são os sentimentos e emoções que um objecto artístico desencadeia no observador - dinâmica individual e instransmissível - outra coisa é conhecer dados histórios, biográficos de tanto autor e obra mais ao menos famosos. Este tipo de informação não retira nada do que de genuíno possa ter a relação do observador com a arte, apenas potencia e contextualiza o que possamos estar a vivenciar. Caso nada disto suceda, segue-se em frente. Não faltam peças de arte diferentes e nem todos temos sensibilidades iguais.
No final da jornada museológica, verdadeiramente morto, tempo para repasto no "Le Café Marly", um ultra-simpático restaurante nas varandas da ala Rechelieu do Louvre, onde tive a oportunidade de devorar um daqueles bolos de chocolate capazes de reanimar qualquer ser humano mesmo que em assistolia há 30 minutos!
Depois, e como planeado, segui para o Arco do Triunfo. À chegada, ironia histórica, deparei-me com a cerimónia de homenagem aos combatentes da 2ª Grande Guerra Mundial. Veteranos de Guerra franceses e norte-americanos em desfile. Algumas dezenas - máximo centena e pouco de pessoas - assistiam à cerimónia rodeada de medidas de segurança médias. Dezenas de pessoas essas que - tal como eu - muito provavelmente estavam ali não pelo significado da cerimónia mas pela visita consumista ao topo do ex-líbris parisiense. O ser humano esquece tão facilmente... relativiza com uma rapidez tal... Foi "ontem" que tudo "aquilo" aconteceu!
O dia seguinte foi dedicado a Notre Damme, seus arredores e ao Museu d'Orsay. Mas isso fica para outra altura.
Quase já me esquecia! E vão 29 anos! O dia 6 é mesmo muito importante... pelo menos, à escala miserável da minha existência.

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sexta-feira, junho 05, 2009

Pior cego é o que não quer ver ... e o diabo veste Prada

Pacífico silogismo popular...
O pior é quando se quer muito ver e alguém quis que se me partissem os óculos! Sim, o Cosmos tinha que aguardar a minha vinda para Paris para se organizar por forma aos meus óculos partirem a meio (isto numa tentativa bem sucedida e, ao que parece contraproducente, de impedir que caissem ao chão). Desta forma, à sensação de estar meio surdo (já que o meu francês ainda não me permite ouvir a 100% o que se passa à minha volta) juntou-se - como que diabolicamente - a sensação de estar meio cego. Nada dá mais jeito quando se está a trabalhar e quando - mais grave! - se está numa cidade nova que exije ser vista. Ainda bem que o horóscopo do gratuito francês que li hoje a caminho do hospital (sim, porque ler é na boa) dizia que eu tinha todas as condições para ultrapassar os meus objectivos... Mal eles sabem que eu não tenho grandes objectivos para além de mater uma frequência respiratória aceitável. Como se vê as tretas dos hóroscopos são iguais em todo o lado...
Portanto, passada a raiva inicial e findo o estado do "só a mim!", há que largar o hospital, procurar uma estação de metro mais ou menos central e próxima e vai de comprar nova armação para as lunetes. É que esse senhor Cosmos que não pense que me vai impedir de ver Paris com os olhos de lince (hoje em dia bêbado) que o Criador me deu. Ainda por cima, o fim-de-semana está a abarrotar de coisas para visitar, cheio de percursos alinhavados e pontuado, aqui e além, de um ou outro imprevisto.
Assim sendo, e embuido do espírito "perdido por cem perdido por mil" lá comprei os óculos. Não esperem grandes mudanças de estilo mas, agora - comme le diable: j'habille Prada!

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quarta-feira, junho 03, 2009

Finalmente, Paris



Sim, eu sei que já estou cá vai para 3 dias! Sucede que tive que me instalar, montar bem a logística e ambientar-me a isto tudo e só hoje, verdadeiramente, posso dizer que estou em Paris.

Foi uma curta, mas productiva, viagem de reconheciemntos pela zona dos Champs-Élisée. Até fui abordado pelas autoridades e tudo só porque me aproximei duma embaixada (EUA claro está) para ganhar ângulo de captura para uma foto ...

Há um pensamento que me assola sempre que visito uma cidade europeia com algum peso histórico. Por todo o lado há bandeiras defraldadas nos edíficios públicos e, qualquer turista -mesmo que faça um TCE com Glasgow 8 ou esteja em estado pós-ictal - rapidamente se apercebe (ou relembra) onde está, mais não seja porque esbarra contra uma das milhentas bandeiras que dão colorido ao edificado. Já em Portugal, um visitante que beba mais que duas cervejas, não seja inglês, ou não tenha preparado muito bem a vaiagem pode, perfeitamente, estar em frente aos Jerónimos e ficar na dúvida ...

Bem sei que não estamos em condições de embandeirar em arco mas, comparativamente, também não vejo motivo nenhum para não embandeirar a propósito edíficios com interesse histórico ou puramente institucional.

PS: Ainda sobre bandeiras, na cidade universitária internacional de Paris, as bandeiras do Brasil e da França estão a meia haste (estranhamente, a Maison de Portugal parece nem haste ter...)






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segunda-feira, junho 01, 2009

À Paris


Pois é, cheguei.
Por hoje nada de verdadeiramente digno de registo. Por isso deixo-vos com uns pensamentos de levar por casa,,,

Pensamentos do dia:
#1 Não, não vi nenhum avião perdido em Charles de Gaule
#2 Finalmente percebi a expressão "valer o peso em ouro": refere-se ao valor pecuniário do excesso de bagagem
#4 Adoro a SIBS. Temos a melhor rede de caixas MB de todas os países que já visitei. Obrigado SIBS por seres quem és...
#3 Os chineses é que nos salvam ... sem as suas lojas não teria cabo LAN e não estaria aqui neste momento

Viram a foto? Imaginem lá quem é que está de volta ao exercício?

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