terça-feira, setembro 21, 2004

Jornalismo

Já aqui dei conta de um BLOG onde um médico explica e esclarece alguns erros que, frequentemente, aparecem nos nossos meios de comunicação social na área da medicina. De facto, as ciências não me parecem ser uma área em que os jornalistas portugueses estejam particularmente bem preparados. Não raras vezes cometem erros graves e fazem passar mensagens deturpadas (ou manipuladas?) para a opinião pública.
Isto até nem seria “tão” grave se a falta de preparação jornalística fosse restrita às ciências. Mas, infelizmente, os erros estendem-se por quase todas as áreas. No desporto, por exemplo, tudo o que ultrapasse o comum futebol dá lugar a reportagens e/ou comentários mais ou menos absurdos, onde se nota claramente que o autor não faz grande ideia do que está a dizer (chamar milha aos 1500m no atletismo!!!). Mesmo na política, área em que, à partida, estariam mais à vontade, a falta de rigor e a ausência de conhecimento de facto estão presentes com inconveniente frequência. À cabeça vem-me, de imediato, a frase de abertura de vários «especiais eleições»: “Boa noite, os portugueses elegeram X como primeiro-ministro de Portugal” (substituir X por quem mais lhe convier) – frase esta que, recentemente, pregou uma partida a muitos.
A piorar e, no meu caso, a potenciar a irritação que tudo isto causa surgem os laivos de superioridade intelectual e de omnisciência com que alguns destes senhores e senhoras jornalistas dizem os mais diversos disparates. Quase como se fossem detentores da total única verdade – a existir uma só! É que se, por exemplo, a sra. Manuela Moura Guedes se lembrar de dizer que o VIH (vírus da imunodeficiência humana) é uma bactéria, bem pode lá ir o mais conceituado dos microbiologistas mundiais tentar (sim! tentar é mesmo a palavra certa, porque pode dar-se o caso de ela não o deixar sequer falar) explicar que não é bem assim, que terá sérias dificuldades em desmentir a autoridade jornalística.
Irónico é, também, quando se refugiam na abusiva e paternalista frase “… o que os telespectadores lá em casa querem saber é …” para fazer as mais estapafúrdias perguntas aos “pobres” dos entrevistados, fazendo parecer que nos tinham telefonado previamente para alinhavar a entrevista.
Numa era em que os meios de informação estão estabelecidos como o 4º poder e, quem sabe, como o mais poderoso de todos, surge-me preocupante a falta de preparação de grande parte dos que exercem o poder/dever de informar.

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