Fim de linha
Todos os que entram (ou entraram) para a faculdade sentiram, por certo, a mesma excitação que eu vai para 6 anos senti. O concretizar de um sonho, o abrir de novas portas, a imensidão de gente e coisas novas... Com o tempo começa-se a idealizar o momento do fim do curso. É então que se antecipa uma felicidade e uma alegria imensas: o delírio pelo fim dos "martírios" de estudante, o orgulho de ter o "canudo", ... Eu desejei esse dia como se ele representasse o dia mais marcante da minha vida. No entanto, já próximo dele, percebi que não havia excitação alguma. Talvez uma ténue alegria. Quando por fim chegou o dia e, contrariamente às ilusões de novato, não fiquei histérico com o acontecimento, instalou-se uma sensação de algum vazio. Para mim foi como o fim de um percurso natural, uma espécie inevitabilidade cósmica. Não me tivesse eu apercebido destes sentimentos com alguma antecedência e teria sido uma grande desilusão! A tudo isto juntou-se alguma nostalgia pelos bons (e maus - há quem lhe chame masoquismo!) momentos passados. É disso que fala o poema que se segue. É da autoria do meu colega-artista "Maiatus" e foi interpretado por ele (guitarra e voz) e pela Mariana (com a sua voz cristalina) na nossa Imposição de Insígnias. Talvez por serem as vozes deles, foi o momento de maior emoção de todo este final de linha...
Traço a capa e vou embora
Solto as fitas pelo ar
Deixo um adeus a quem chora
Um fado triste a quem ficar
Solto as fitas pelo ar
Deixo um adeus a quem chora
Um fado triste a quem ficar
Levo acordes de saudade
Beijos teus em cada mão
Calo o luto que me invade
- Adeus Porto, São João
Eu te levo ancorado ao coração
Beijos teus em cada mão
Calo o luto que me invade
- Adeus Porto, São João
Eu te levo ancorado ao coração
Traço a capa em valsa lenta
Sigo o Douro até à foz
O sol desce em tons magenta
E embarga a dor na minha voz
Sigo o Douro até à foz
O sol desce em tons magenta
E embarga a dor na minha voz
Levo acordes de saudade
Beijos teus em cada mão
Calo o luto que me invade
- Adeus Porto, São João
Eu te levo ancorado ao coração
Beijos teus em cada mão
Calo o luto que me invade
- Adeus Porto, São João
Eu te levo ancorado ao coração
Ficou um olhar desfeito
Um segredo por contar
De um tempo quase perfeito
Que aqui passou a voar
Um segredo por contar
De um tempo quase perfeito
Que aqui passou a voar
Ficou um beijo caído
Uma flor por oferecer
De um tempo quase perdido
Que jamais irei esquecer
Uma flor por oferecer
De um tempo quase perdido
Que jamais irei esquecer
(Tiago Antunes Lopes)
PS: Espero que um dia venha a existir um registo audio desta obra!
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