domingo, setembro 05, 2004

Ossétia

Para aqueles que, como eu, desconheciam a existência deste território, o destino encontrou uma forma bem macabra de acabar com a nossa (minha) ignorância. Primeiro, tenta-se assimilar que seja concebível entrar escola dentro e fazer reféns centenas de pessoas, muitas as quais crianças. Entretanto, instala-se um impasse e, a cada noticiário, espera-se a improvável notícia de que as coisas tiveram um desfecho pacífico. De tão improvável tornou-se real o acontecimento contrário. Dei por mim à espera, bloco de notícias atrás de bloco de notícias, que o número de mortos e feridos não tivesse aumentado desde a última vez que ouvira tão absurdo número! Como se o número fosse assim tão importante a partir do momento em que se começou a pintar (com sangue) tão triste quadro!!! Torna-se difícil fazer qualquer tipo de comentário.
Ontem, enquanto lia «O Último Cabalista de Lisboa» (Richard Zimler) deparei-me com um parágrafo no qual se pode encontrar um estranho paralelismo com o que tem ocorrido. O narrador, judeu, relata (à mistura com a ficção do autor do livro) o massacre que os cristãos decidiram infligir aos judeus de Lisboa (Abril de 1506):
"Alguém pode imaginar o que significa ver uma criança decapitada sentada numa pá? É como se todas as línguas do mundo ficassem esquecidas, como se todos os livros escritos se tivessem reduzido a pó. E como se alguém pudesse ficar feliz com tal coisa. Por pessoas como nós não terem direito a falar ou a escrever ou a deixar qualquer traço na História. (...)"

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