terça-feira, julho 18, 2006

A dolorosa dicotomia aprender/estudar

Causa, talvez a mais profunda, do estado a que o sistema educativo chegou em Portugal esta dicotomia afecta a todos nos momentos de menor motivação.
Exemplos pessoais à parte, parece-me cristalino que todo o ser humano, por mais limitado que possa ser à partida, retira prazer de aprender. A rimar com este verbo logo surge o gramaticalmente familiar saber que, ao que diz a sábia (às vezes simplista) voz popular, não ocupa lugar. Por certo não menos límpida é a evidência de que saber ocupa tempo, não poucas vezes, muito tempo. É aqui que - voltando a recorrer à tal voz vinda da povo imemorial e anónimo - a porca torce o rabo. É que há muitas coisas com que ocupar o tempo que podem não passar por esse doloroso processo, imprescindível para aprender e saber, que é o terrível verbo - agora de outra terminação - o estudar!
No nosso sistema de ensino passou-se do 8 que era obrigar a saber a toda a força para o 80 de tudo ter que dar prazer. Tenta-se convencer a cada vez mais "esperta" juventude que estudar é divertido, muitas vezes tornando ridículos os conteúdos e métodos de ensino, baixando a exigência pelo efectivo saber a níveis inenarráveis. Eu acho que o caminho é basear todo o processo na premissa de que é o aprender que dá realmente prazer mas sem criar ilusões de que isso se consegue com facilitismo. A recompensa maior do esforço que é, sempre, necessário está na capacidade que o saber nos dá de resolver novos problemas, sejam eles do livro de exames de matemática do 12º ano, dos trocos na pastelaria ou no relacionamento com a namorada.
O que me parecia importante é que todos percebêssemos que, num mundo aberto plural e competitivo como o dos nossos quentes dias, só o saber com todo o prazer e sacrifício que acarretam nos podem fazer evoluir pessoal e colectivamente.

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