quinta-feira, novembro 25, 2004

Paternidade

Deve haver poucas coisas tão difíceis e incertas como criar um filho. Eu não tenho filhos. De momento e, tanto quanto a análise de um momento pode predizer o que o futuro reserva, não conto vir a ter.
Um destes dias vi o filme «Shine» («Shine – Simplesmente genial»). É um filme de uma beleza tocante, com um enredo não linear em que, entre outras coisas, se abordam as consequências da actuação dos pais sobre os seus filhos e as relações familiares. Aconselho vivamente quer a pais, quer a filhos quer, e sobretudo, aos que pensam enveredar pela paternidade/maternidade.
Não é nada que nunca me tivesse ocorrido, mas o filme levou-me a pensar sobre estas coisas: ser pai/mãe deve ser terrivelmente difícil! Não conheço e, afigura-se-me pouco provável que alguém saiba, receitas milagrosas para o sucesso destas relações. Mas permitam-me dar um conselho (fará mais sentido para os que já viram o filme e depois de o verem, para os que ainda não tiveram a oportunidade): não projectem nos filhos as frustrações que a vida vos causou, não empurrem os filhos para as carreiras que gostariam de ter tido nem sequer para aquelas que julgam ser as melhores para eles ao abrigo de um qualquer presságio visionário. Quantos casos deste tipo não conhecemos nós? Pessoas infelizes, reféns de escolhas que outros fizeram em seu nome, muitas vezes, numa tentativa de impor aquilo que gostariam que lhes tivesse acontecido a eles próprios.
Soa reaccionário?! Talvez. Bem sei que encontrar o equilíbrio entre induzir um filho àquilo que julgam melhor e deixá-lo ao sabor das marés da vida não seja nada fácil …
Talvez quando me sentir menos egoísta e à altura desta árdua tarefa, repense a minha vocação paternal...

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