segunda-feira, junho 08, 2009

Dia D e seguinte



Dia D: 6 de Junho! Uma das datas mais importantes da história mundial por diversas razões (já aqui se pensou um pouco à volta de uma delas).
Desta feita estava em Paris.
O programa do dia, alterado face às condições atmosféricas pouco dadas a viagens de autocarro descapotável, incluía dia de visita ao Louvre e uma subida ao Arco do Triunfo ao fim da tarde.
Que dizer sobre o Louvre? São várias as linhas de pensamento que o museu invoca. Por um lado é magnífico por outro é quase insultuoso. É magnífico quanto à beleza do espaço físico, à riqueza do espólio, à diversidade de peças, à fantástica forma como foi construído ao longo dos tempos e como, mais recentemente, foi integrado. Pausa aqui para dizer que dificilmente se arranjaria uma solução mais espectacular e funcional para ligar as várias alas do museu: as pirâmides transparentes e as estruturas adjacentes são geniais a todos os níveis. Por outro lado o museu é quase insultuoso na medida em que facilmente se percebe/constata que todo este espólio interminável não advem somente de compras milionárias deste ou daquele soberano francês ou de oferendas de casamento para um qualquer príncipe herdeiro. Não! Muito daquilo que nos faz calcorrear aqueles corredores sumptuosos é fruto de invasões e destruições napoleónicas e afins. Se é certo que a arte é universal e, de certa forma, apátrida eu não acharia grande piada a ver o túmulo de Camões ou de Inês de Castro expostos no Louvre. Aconselho toda a gente a visitar o museu com o guia multimédia. Não, não venham com a conversa de que a não se ensina arte, que esta se sente bla bla bla. Uma coisa são os sentimentos e emoções que um objecto artístico desencadeia no observador - dinâmica individual e instransmissível - outra coisa é conhecer dados histórios, biográficos de tanto autor e obra mais ao menos famosos. Este tipo de informação não retira nada do que de genuíno possa ter a relação do observador com a arte, apenas potencia e contextualiza o que possamos estar a vivenciar. Caso nada disto suceda, segue-se em frente. Não faltam peças de arte diferentes e nem todos temos sensibilidades iguais.
No final da jornada museológica, verdadeiramente morto, tempo para repasto no "Le Café Marly", um ultra-simpático restaurante nas varandas da ala Rechelieu do Louvre, onde tive a oportunidade de devorar um daqueles bolos de chocolate capazes de reanimar qualquer ser humano mesmo que em assistolia há 30 minutos!
Depois, e como planeado, segui para o Arco do Triunfo. À chegada, ironia histórica, deparei-me com a cerimónia de homenagem aos combatentes da 2ª Grande Guerra Mundial. Veteranos de Guerra franceses e norte-americanos em desfile. Algumas dezenas - máximo centena e pouco de pessoas - assistiam à cerimónia rodeada de medidas de segurança médias. Dezenas de pessoas essas que - tal como eu - muito provavelmente estavam ali não pelo significado da cerimónia mas pela visita consumista ao topo do ex-líbris parisiense. O ser humano esquece tão facilmente... relativiza com uma rapidez tal... Foi "ontem" que tudo "aquilo" aconteceu!
O dia seguinte foi dedicado a Notre Damme, seus arredores e ao Museu d'Orsay. Mas isso fica para outra altura.
Quase já me esquecia! E vão 29 anos! O dia 6 é mesmo muito importante... pelo menos, à escala miserável da minha existência.

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1 Comentários:

Às 12:36 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

A lembrar doidamente o que esquecemos!...

Não digas existência... diz essência, que assim não é passível de quantificar...

 

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