quarta-feira, dezembro 29, 2004

Ovo e galinha: um dilema televisivo

Quando se discuti a qualidade das grelhas televisivas (em particular dos canais generalistas) chega-se, quase sempre, a um beco ou, se quisermos, a um dilema semelhante ao clássico do ovo e da galinha: afinal, quem nasceu primeiro?!
Para mim, o ponto prévio nesta discussão é que a televisão nacional tem, salvo honradíssimas excepções, grelhas de fraca qualidade e interesse muito questionável.
Uns, talvez mais comerciais, defendem que se dá aos telespectadores aquilo que eles gostam e, portanto, o panorama que temos se deve à escolha do público e à análise das audiências, verdadeiros vectores das linhas editoriais. Outros, defendem que o argumento dos primeiros é falacioso uma vez que, se não se oferecer ao público novos e, talvez mais “cuidados”, conteúdos nunca se dará um salto qualitativo na televisão e na sociedade em geral (admitindo, como me parece verdade, que a televisão tem algum influência da sociedade moderna). Este último ponto de vista, que considero pertinente, tem no entanto, o handicap de facilmente resvalar para uma tentativa, por parte de algumas elites, de intelectualização desenraizada dos verdadeiros interesses dos telespectadores.
A propósito desta inacabada reflexão, no outro dia falava com uns colegas meus sobre a série «Alf» (actualmente a passar na SIC comédia) – uma série que, descontando o natural efeito de época nos gostos humorísticos, é de reconhecida qualidade. A certa altura uma dúvida nos surgiu, que eu traduzo na seguinte questão: será que se o «Alf» passasse, hoje em dia, em horário nobre, por exemplo na 2:, teria o mesmo impacto que teve da primeira vez, ou continuaria o público a preferir frutas com açúcar e quintas inférteis?

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