domingo, janeiro 30, 2005

Enigma 14

Atravessa o canal da Mancha
A história de quem vos venho falar
Do primeiro dia
Até os seus dias acabar.
Mas deu outras voltas esta vida
Algumas bem duras de dar
Em Portugal uma delas
De que nem há outro exemplar.
Se cravos nas espingardas fizeram Abril
Outras flores haviam de dar
Prova de valentia soberana
Oh ingénua forma de lutar!
Nas voltas que a vida deu
Ainda havia de haver tempo
Para muitas formas juntar
De no tempo e no espaço viajar.
E, se algum dia, por infortúnio,
No mar forem e não houver voltar
Queiram, por justiça, lhe agradecer
Se alguém vos valer.

Mas então não se vê que
Na forma da valentia adjectivar
Se tenta, por linhas tortas,
Vossos diligentes raciocínios guiar?!
E como querem vocês
No espaço viajar
E no tempo se moverem
Sem qualquer meio auxiliar?!
Ou, acham-se vocês
A salvo de infortúnios no mar
Onde é tão fácil se perder
Sem que ninguém vos vá socorrer?!

Penúltima entre soluções reais possíveis
Veio de Paris para com o oceonagrafo casar!
Nunca sonharia,
forma tão vil de enviuvar!

sábado, janeiro 29, 2005

Podíamos ser nós

Pelo menos em algumas coisas podíamos ser nós. E como é bom rirmo-nos de nós mesmos, aqui vai:

Europe and Italy

Gosto de ver estas coisas de um ponto de vista com humor e sem catastrofismos.

quarta-feira, janeiro 26, 2005

Haja memória colectiva



Amanhã celebram-se 60 anos sobre a libertação de Auschwitz. Já, em posts anteriores, aludi à minha especial sensibilidade para esta temática, facto que, há uns tempos, foi muito potenciado pela leitura de «Se isto é um Homem» de Primo Levi.
A RTP apresenta, amanhã, um documentário sobre um dos horrendos campos de concentração - talvez o mais famoso, se é permitida este tipo de adjectivação num caso destes - criado pelas SS alemãs, baseado em fotografias áreas contemporâneas daqueles negros dias. Pena é que seja transmitido tão tarde (00:15) e que eu, a essa hora, esteja a trabalhar ...

segunda-feira, janeiro 24, 2005

Não! Não é triste!

É muito frequente ouvir-se dizer que o fado é uma canção triste. Cada vez que falo com alguém de outro país sobre o fado, não obstante os rasgados elogios à beleza e tipicidade do género musical, a conversa passa sempre por algo não muito longe do "oh yeah, that typical portuguese sad song!". É até esta a razão que muitos - a quantidade pouca importa - dos portugueses que não gostam de fado apontam para justificar a sua opinião.
Não sendo, de forma alguma, alguém com pergaminhos nesta área, permito-me discordar, totalmente!
Antes de mais, sob a designação Fado, cabem subgéneros completamente diferentes pelo que, olhá-lo só da perspectiva do fado tradicional, é algo um perfeitamente redutor. Desde logo, o fado Académico, com a toda a sua aura romântica e algo boémia até, dificilmente se poderá considerar uma canção triste.
Mas mesmo aquelas canções que cabem naquilo que designei por fado tradicional (de que são certamente exemplos títulos como «Barco Negro», «Povo que lavas no rio» ou «Cavaleiro Monge», só para citar alguns) não creio que possam ser descritos como tristes. É certo que versam temas melancólicos e aludem, frequentemente, à tão peculiar saudade. Mas será a saudade um sentimento, necessariamente triste? Creio que não, longe disso. Para mim, o fado, dando de graça que, muitas vezes, versa temas saudosistas e melancólicos, é muito mais que isso. É introspectivo, denso, profundo, dotado de uma consistência tal que nos envolve em nós próprios: não, não é triste!
Ainda que esteja errado e, tal como já aqui escrevi, quando ouço a Mariza cantar "Ó gente da minha terra" não consigo evitar de sentir que é directamente para mim que ela fala.

Deixo só aqui duas sugestões para ouvirem: «Havemos de ir a Viana» por Amália Rodrigues e «Feira de Castro» por Mariza. Serão tristes estas canções?

quinta-feira, janeiro 20, 2005

Porto 2005


É desta!!!
A 14 de Abril é oficialmente inaugurada a Casa da Música, no Porto. Depois de atrasos e polémicas pouco abonatórios para o projecto, a obra-prima de Rem Koolhaas, qual diamante lapidado às mãos do mestre, vai finalmente ser entregue a todos nós. Hoje, foi divulgado, o programa da inauguração: 10 dias de concertos que abrangem um amplo leque de estilos musicais. Eu vou estar atento. Agora, como naquela esplendorosa noite de 2001 (sim vão quase quatro anos!), em que o fogo-de-artifício se reflectia nas águas do Douro para emprestar ao céu um brilho ainda maior e mais digno das águas que cobre, quero fazer parte da festa.

PS: aproveitem para fazer uma visita virtual ao edifício: vale a pena!

quarta-feira, janeiro 19, 2005

Eu sou Azul!

Eis mais um daqueles testes (mais ao menos inúteis) que ninguém consegue evitar de fazer ...






BLUE



You give your love and friendship unconditionaly. You enjoy long, thoughtful conversations rich in philosophy and spirituality. You are very loyal and intuitive.




Find out your color at Quiz Me!


segunda-feira, janeiro 17, 2005

Enigma 13

Ora vamos lá analisar
Novo enigma montado
Mas não deixem que esse ego
Fique muito inflamado.
Deitem-se lá, caros leitores,
E desfrutem desta viagem
Guiados por um “sonho”
Que vos leve à personagem.
É trabalho de pensador
Ousado e peculiar
Tentar fazer cair tabus
E o pensamento mudar.
A bela rainha de Tebas
Estava longe de imaginar
Que a filiação dos seus filhos
Tanto daria que falar.
Se estiverem sem solução
Não adianta recalcar
Não queremos aqui histeria
Temos caminho para andar.
São soltas as peças que vos deixo
Cabe aos leitores montar
O quadro da solução
Antes da hora acabar.

O sítio onde se devem deitar
É deveras peculiar e,
com uma desatenção, pode parecer
Uma grande senhora a cantar

sábado, janeiro 15, 2005

O triângulo de quando era teen

Segundo algumas notícias da imprensa, a RTP vai produzir uma série baseada na colecção juvenil «Triângulo Jota» de Álvaro Magalhães. Quando li a notícia, rápido, uma onda de nostalgia me invadiu a alma. Viajei até à minha puberdade e adolescência onde devorava esta colecção fantástica. Uma escrita simples, enredos consistentes e cheios de acção resultando num conjunto muito atraente para - digo eu agora à distância - todas as idades. É que, de facto, já o pensava na altura e vejo-o agora com mais clareza, não se trata de uma literatura do género "bora pessoal que somos jovens, ya!". Ao contrário usa uma linguagem algo cuidada mas, nem por isso, menos atractiva para um jovem. É, na minha opinião, o tipo de livro ideal para despertar (não impingir que isso é contraproducente) nos jovens o gosto pela leitura.

De todos os que li - acho que vou voltar a ler alguns, ou talvez os que ainda não li - destaco «Guardado no Coração», uma história em 2 volumes, que decorre na invicta cidade do Porto, explorando o riquíssimo lado místico da urbe... já me apetece voltar a pegar neles.

PS: deve haver um leitor que, não tarda, está a ler isto e que, se fizer o favor, transmitirá o meu obrigado à sua irmã por ter introduzido estes títulos na minha Biblioteca de Turma.

quinta-feira, janeiro 13, 2005

O início do fim ... dos dias

No Domingo passado à noite, em casa de uns amigos, estávamos a entrar naquela luta estúpida entra a falta de sono e a consciência de que tínhamos que nos deitar cedo (já sentiram isto, não já?!) quando, dando como vitoriosa a falta de sono, decidimos fazer um zapping. Começamos pela SIC, na vã esperança - oh tempo volta para trás - de que o Herman estivesse numa noite inspirada: não! Estava o Toni Carreira a cantar! Então, mudamos para o canal seguinte: TVI. Cedo percebemos que se tratava de alguma coisa à volta da mais famosa quinta deste país. De repente, começa a senhora - podemos chamar-lhe senhora, não podemos?! - Paula Bobone a falar. Pânico! Diz então a personagem: "... a graça do Zé é que veio provar a natural a apetência do público por programas didácticos...". Tive que me levantar! Não aguentava a elevada pressão intra-abdominal causada pelas gargalhadas. Cheguei a pensar que estava descontextualizado, mas não! A senhora estava mesmo a falar da «Quinta das Celebridades» e do José Castelo Branco!
Depois da crise de riso, comecei a reflectir sobre o assunto e fiquei bastante preocupado: uma coisa destas pode muito bem ser a trombeta (dissimulada) que anuncia o apocalipse!

terça-feira, janeiro 11, 2005

Olha qu'esta!!!

Olhem só a prenda que me deixaram nos comments:

"I sure wish I could read this blog. I knew I should have studied in Spanish class.
JustMe Email Homepage 01.10.05 - 10:09 pm # "

Anda um tipo a escrever um blog para isto?!!!!
Não é que eu tenho alguma coisa contra os espanhóis mas também dispenso bem estas absurdas confusões, especialmente, vindo de onde vêm. Parece que no país onde esta senhora vive só conhecem meia dúzia de umbigos e que raramente não olham para eles. Como tal, já respondi no blog da autora desta pérola:
"I sure wish I could read this blog. I knew I should have studied in French class.
PS: this is my retaliation against ur comment in my blog. Here, in Portugal, we talk and write in portuguese! Kisses!"

PS: esta súbita necessidade de desabafar faz com que deixe a publicação da curta teoria apocalíptica, que me assombra desde Domingo à noite, para outra oportunidade ...

domingo, janeiro 09, 2005

The hills still alive

Todos os anos é a mesma coisa: «Música no Coração» no Natal! As opiniões dividem-se: uns adoram, outros detestam, outros ainda gostaram em tempos, mas já não o suportam!Quanto a mim, sendo certo que já me é difícil vê-lo do início ao fim, acho que há sempre um espaço para um filme como este. Todo o filme está cheio daquela beleza pura e serena que tanto irrita os mais irreverentes e apaixona os mais bucólicos e românticos. Um enredo pouco sofisticado mas, ainda sim, repleto de sentimentos positivos e enternecedores. O contexto histórico leva-nos a uma época negra da nossa Europa, numa abordagem diferente e interessante. Mas, para mim, a grande virtude deste filme é mesmo a música! É incrível como se pode ser musicalmente tão simples e, simultaneamente, tão eficaz e penetrante! Acho que é um verdadeiro hino didáctico à simplicidade musical, à afinação e à pureza (cristalina como o ar naquelas montanhas) das vozes e notas.Todos os anos há crianças a ver a programação televisiva natalícia e eu acho que lhes faz muito bem verem este filme e, pelo menos nesta época, deixarem os bonecos disformes que matam os pais à facada de parte.

sexta-feira, janeiro 07, 2005

Teleporte

Eu quero viver ao estilo «Star Trek»!!! Quero acordar, tomar a banhoca, vestir a fatiota e - gesto sublime - carregar no comunicador, estrategicamente colocado na lapela, para dizer "Lino to bridge: teleporte para 1"!
Se um dia tal coisa for possível será um salto na qualidade de vida das pessoas mais impressionante que o salto de Mike Powell nos Mundias de Atletismo de 1991 em Tóquio quando bateu o mítico Carl Lewis!

PS: este salto (8,95 m) é, ainda hoje, o record mundial do salto em comprimento!

quarta-feira, janeiro 05, 2005

Homo sapiens "insatisfectum"

Ao longo da vida vão-se traçando objectivos nas mais diversas áreas. Para alcançar alguns deles, muitos de nós damos imenso de nós próprios em busca de realização pessoal, profissional, emocional,... Pensamos que é na concretização desse (então) grande objectivo que reside a satisfação plena e, é por ela, que empenhamos as nossas forças e, não raras vezes, sacrificamos alguns outros objectivos minor.
Eis senão quando, na aurora da concretização daquilo por que tanto nos batemos, antes até do primeiro raio de luz emitido pelo objectivo alcançado, bem longe ainda dos frutos de tudo isso, começamos a pensar que o que nos está para acontecer é uma quase inevitabilidade cósmica, que o nosso esforço nem foi assim tão importante e nem sequer nos damos ao luxo de, por algum tempo, usufruir da pequena (ou grande) vitória.
Estaremos, como sub-espécie, condenados a estar insatisfeitos?! Será que estamos, de alguma forma, condicionados a desvolarizar os nossos esforços, uma vez alcançadas as metas?!

terça-feira, janeiro 04, 2005

Boletim "clínico"

Este blog encontra-se na UCIB (Unidade de Cuidados Intensivos para blogs). A qualquer momento poderá ter melhorias, mas a evolução é imprevisível.
Aguardem novo boletim "clínico" ...

domingo, janeiro 02, 2005

Enigma 12

Em terras onde o Salvador nasceu,
Mas onde não se vê judeu
É de Maria a casa,
Por onde começareis a procurar,

Se a solução quereis encontrar.
Sob seu tecto, jazem homens de valor
Sigam o das letras!
Que nos desculpe, o outro,
Dos mares senhor.
Encontrado que está o homem
Procurem na sua obra maior
História de amor trágico
A caminho de um lugar mágico.
Se na obra se virem perdidos,
Que extensa e complexa é,
À terceira vez que cantares
É bom local para procurares.
De certo já estais mais a Norte
Nesta percurso cifrado
Será que a solução
Haveis encontrado?
É por terras gregas do luso país
Que se encontra nascente
De cor pouco natural
Por desgraça e sacrifício
De um amor em Portugal.


SOLUÇÃO